Estamos nos aproximando de duas datas muito importantes para o mundo do trabalho: o Dia da Educação e o Dia Mundial da Saúde e Segurança do Trabalho, ambas comemoradas no dia 28 de abril. Estas datas vão ao encontro da cultura inclusiva e tencionam a todos e todas, sobre quais relações de trabalho estamos estabelecendo e como a aprendizagem pode ser um aliado no nosso desenvolvimento, e não mais uma cobrança na nossa lista de atividades do dia.
Para ajudar na compreensão de como estes temas - aprendizagem, saúde e segurança - são centrais na (re)construção da cultura organizacional, pense por um instante:
no último mês, na última semana ou até mesmo hoje, quantas vezes estes temas atravessaram o seu pensar, sentir e agir profissional?
Talvez você tenha respondido, sim, com muita certeza para todos estes temas, ou começou a perceber o impacto deles no seu dia a dia.
O fato é que praticamente todos os comportamentos, crenças, símbolos e rituais de uma cultura são ancorados pela aprendizagem, saúde e segurança. Tudo aquilo que desejamos para o futuro das relações de trabalho passam por eles, e o que não desejamos também.
Nós, na Casa Girassol, utilizamos alguns conceitos e algumas ferramentas que nos ajudam a identificar os sinais positivos e pontos de melhoria em relação a estes temas, e de que forma podem impactar a cultura inclusiva.
Entendemos que a segurança psicológica é essencial para uma organização que valoriza a aprendizagem contínua. Uma organização que aprende, entende que a aprendizagem corporativa não apenas é um setor ou o número de treinamentos obrigatórios que as pessoas colaboradoras realizam. Mas sim, um ecossistema que nutre as relações das pessoas colaboradoras entre si, com as lideranças e com a cultura da empresa.
Nos princípios da Cultura de Segurança Psicológica, de Timothy Clark, o consultor, compreende que as organizações e as lideranças são como arquitetos sociais, e responsáveis pelo contexto no qual as pessoas sintam que estão permitas a: (1) se sentirem incluídas, (2) aprender, (3) contribuir e (4) inovar.
Timoty apresenta algumas perguntas para cada um dos 4 estágios da Cultura de Segurança Psicológica, das quais destacamos:
No estágio 1 – sobre a segurança da inclusão, pense sobre estas perguntas:
Você trata as pessoas que considera de status inferior de forma diferente daquelas de status mais elevado? Por quê?
Você já teve ajuda, se sentiu incluído/a em algum momento que estava vulnerável? Quando isso aconteceu? Que impacto teve na sua vida? Você está lavando isso adiante?
No estágio 2 – sobre a segurança do aprendiz, pense sobre estas perguntas:
Sua equipe pune o fracasso? Você pune o fracasso?
Você consegue pensar em uma pessoa que desempenhou um papel fundamental em sua vida, criando segurança do aprendiz e acreditando em sua capacidade de aprender?
No estágio 3 – sobre a segurança do colaborador, pense sobre estas perguntas:
Você já negligenciou a segurança de algum colaborador? Você tem noção de como suas atitudes e comportamentos são percebidos pelos outros?
No estágio 4 – sobre a segurança do desafiador, pense sobre estas perguntas:
Você sente o risco de ser ridicularizado em sua equipe? Quando foi a última vez que você foi corajoso e desafiou o status quo? Você sente que tem licença para inovar em sua organização?
Neste sentido, a aprendizagem corporativa tem a missão de convidar as pessoas para viverem um processo de desenvolvimento como pessoas adultas, onde por exemplo:
- O erro não é motivo de punição, mas corrigido de forma rápida;
- As pessoas sentem que seu conhecimento e experiência são valorizados e trazem para a mesa de conversa;
- As pessoas desafiam o status quo do “sempre foi assim”;
- As pessoas valorizam a diversidade de experiência e lidam melhor com a diferença;
- A vulnerabilidade é acolhida;
- Existe transferência do conhecimento formal para a realidade de trabalho;
- Existe aprendizagem informal entre as pessoas colaboradoras;
- As pessoas colaboradoras desejam fazer parte da equipe e da empresa;
- Tem oportunidade de desenvolvimento e progressão na carreira;
- O sucesso das equipes é celebrado;
No entanto, essa discussão vai além da segurança psicológica e da aprendizagem, abrangendo também a sustentabilidade e a regeneração a longo prazo como apresenta Roman Krznaric no livro Como ser um bom ancestral. É essencial repensar os valores que guiam os negócios e considerar o papel da aprendizagem nesse contexto para garantir um futuro desejável para organizações, indivíduos e o planeta como um todo. Refletir sobre a coerência entre as demandas por produtividade e alta performance e o respeito aos recursos humanos e ambientais é fundamental para construir um futuro sustentável.
Conta para a gente, essa reflexão faz sentido para você?